Jornalista americana revela como a infidelidade conjugal é vista em oito diferentes países
Estados Unidos
Quem já assistiu à sensacional série Mad Men, passada em 1960, pode ver homens e mulheres em relações extraconjugais quase que o tempo todo. Ao entrevistar senhoras aposentadas vivendo hoje na Flórida, Pamela verificou que é os anos dourados da Era Kennedy foram assim mesmo, mas hoje o mais poderoso país do mundo vive uma revolução conservadora e trair é um dos mais graves pecados, porque envolve o ato de mentir. Atolados na culpa, especialmente graças à influência da filosofia protestante, o americano adúltero esconde seus casos até mesmo de seus amigos mais íntimos e milhares de “consultores conjugais” criam seminários, livros e grupos de apoio para evitar que alguém saia da linha.
França
Apesar da fama de liberal e da infidelidade parecer ser um esporte nacional, a jornalista viu que os franceses sim, ainda sustentam a monogamia fiel como o ideal para um relacionamento a dois. Existe, porém certa tranqüilidade em relação ao adultério sustentada pela política do “não pergunte, não fale”. Um dos conceitos mais interessantes é que para os franceses o adultério só acontece quando o parceiro descobre, ou seja, quando os sentimentos da pessoa oficial são afetados.
Rússia
Durante o período comunista, onde o estado controlava tudo, sexo fora do casamento era uma maneira de burlar o sistema e discretamente “atacar” o governo. Hoje em dia, é quase que uma obrigação. Um dos motivos é a baixa expectativa dos homens, com uma média de 46 russos para cada 100 russas ao atingirem 65 anos, Com isso, muitas mulheres não se importam em se relacionar (ou até mesmo seduzir) homens casados e suas esposas preferem fechar os olhos em relação às puladas de cerca do marido e garantir o estrogonofe nosso de cada dia.
Japão
Primeira grande surpresa: no Japão é praticamente inexistente a oferta de camas de casal. Ainda trazendo tradições da época do xogunato, a mulher é anulada dentro do casamento e não há uma relação amorosa. Acontece que enquanto os homens vão para as casas de prostituição e cortesãs, as japonesas cultivam seus amantes, sem carregar qualquer tipo de culpa em relação ao ato. A nova geração está começando a lutar contra as milenares tradições a incorporar o amor romântico e fiel ao cotidiano japonês.
África do Sul
Ter uma amante na África é o mesmo que brincar de roleta russa com um revólver totalmente carregado. A incidência de AIDS no país é enorme e mesmo assim, homens e mulheres acreditam que devam ter vários parceiros porque nas ruas, um homem impotente é aquele que não consegue sustentar pelo menos três relações em uma noite. A prostituição é tão forte que algumas meninas abarcam a profissão apenas no último dia do mês para conseguir arrancar algum dinheiro do pessoal que está recebendo seu salário.
Indonésia
O país de cultura muçulmana se divide em aceitar ou não a poligamia. Para alguns, a liberdade de um homem em ter até quatro esposas vai evitar que ele se torne um adúltero. Para outros, como o homem pode namorar alguém mesmo estando casado, as leis religiosas vão justamente lhe dar a chance de ter diversas relações extraconjugais. De qualquer maneira, o adultério é proibido.
China
Assim como na Rússia, na época de Mao, puladas de cerca eram uma forma de protesto, mesmo porque amar era proibido. Hoje com a distensão, a moda da concubina ou segunda esposa, voltou de vento em popa, mas o governo central já estuda maneiras de coibir a prática, criminalizando o adultério, alegando que a corrupção governamental está ligada ao fato dos políticos e funcionários públicos precisarem de mais dinheiros para sustentar as amantes.
Uma vez que o Brasil ficou de fora, resolvemos perguntar à Pamela Druckerman sua experiência trabalhando no país. Morando hoje em Paris, a jornalista concedeu uma entrevista exclusiva ao Terra e mostrou sua visão dos relacionamentos brasileiros:
Você ficou impressionada com o assédio sexual latino e isso a motivou a buscar respostas sobre infidelidade, mas manteve o Brasil e a Argentina fora do livro. Alguma razão?
Os países latinos foram definitivamente a inspiração para meu livro. Foi aí que descobri que tinha mais interesse em pessoas do que em finanças (eu era uma jornalista financeira) e onde vi que eu era muito mais tipicamente americana do que pensava. O fato de homens casados me abordarem, o que antes eu considerava um insulto, me fascinou por ver que a mesma história – um homem trai a esposa e ela descobre – pode acontecer de maneiras diversas dependendo de onde você esteja. Eu adoraria fazer a pesquisa no Brasil e se o livro tiver uma seqüência, o país estará lá. Eu reconheço que o Brasil é um país complicado e diversificado. Apesar de seus problemas, existe algo muito positivo aí. A exuberância, a espontaneidade e a criatividade são um grande prazer do brasileiro.
Em sua experiência pessoal no Brasil, como sentiu que é a visão dos brasileiros em relação à infidelidade?
Fiquei impressionada que homens casados no Brasil se reúnem em um canto num churrasco para se gabar de outras mulheres em sua vida. Parece que isso aumenta seu prestígio entre os amigos. Eu tenho a impressão que as mulheres brasileiras são mais vigilantes e tentam evitar que seus maridos não tenham a chance de sair da linha. Nos EUA, ter um amante diminui seu status e ficamos entupidos de culpa, confusão e antidepressivos.
Você acha que o Brasil é esse paraíso sexual que os estrangeiros tem em mente?
Quando me mudei de Nova Iorque para São Paulo, descobri que a experiência de “encontros” era totalmente diferente nos dois lugares. Em NY, quando você dá seu telefone a um homem, ele vai esperar alguns dias antes de lhe telefonar para não parecer muito ansioso. Aí, vocês se verão uma vez por semana com a regra de que não há sexo até o 5º encontro. É bastante tentador. As coisas são mais diretas no Brasil. O homem brasileiro telefona no dia seguinte. Eles te convidam para almoçar no mesmo dia, e no dia seguinte, e assim por diante. Era tão intenso e estonteante que eu sentia como se fosse amor e que o rapaz iria me propor casamento em breve. Mas rapidamente como começou, acabava. Às vezes com um telefonema do tipo “desculpe e adeus”. Isso quando não era só “adeus”. Eu acabei aprendendo a não levar tudo isso tão a sério no final das contas.
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