1. Juiz maluco (1978)
A estréia do Brasil na Copa de 78 foi num duríssimo embate com a Suécia. Com o placar de 1 x 1, o Brasil tem um escanteio exatamente aos 45 do segundo tempo. Nelinho cobra, e a bola vem na cabeça de Zico, que faz o que seria o gol da vitória brasileira. Seria, porque o árbitro Clive Thomas, em atitude estranhíssima, terminou o jogo logo após autorizar a cobrança de Nelinho, ou seja, com a bola no ar. Apesar das reclamações brasileiras, o gol não valeu e o jogo terminou 1 x 1 mesmo.
2. Ah, as suecas… (1958)A comissão técnica da seleção brasileira de 58, chefiada por Paulo Machado de Carvalho, foi meticulosa em seu planejamento. Nada poderia atrapalhar a nossa seleção. Porém, tiveram de driblar as mulheres suecas. Primeiramente, ao chegar no hotel onde a seleção ficaria, descobriram que uma das camareiras era uma loura lindíssima. Após uma conversa com a direção do hotel, a tal loura ganhou umas férias durante a Copa.
Após a final, o meia Moacir, negro e magro, desfilava com uma loura estonteante. Foi visto por alguns jogadores, que foram falar com ele. Moacir arregalou os olhos, e antes que eles falassem, cochichou no ouvido deles: “Por favor, digam que sou o Pelé”.
No fim das contas, o grande driblador Garrincha deixou não só os adversários no chão, como também a comissão técnica. Tempos depois, nascia Ulf Lindberg, filho sueco de Mané.
3. Joguinho de compadres (1982)Os dois últimos jogos da fase de grupos, na Copa de 82, eram disputados em horários diferentes. Com isso, poderia acontecer de um time entrar em campo sabendo qual resultado deveria obter. Após a vitória da Argélia sobre o Chile, Alemanha e Áustria se enfrentariam, e uma vitória alemã por 1 gol de diferença classificaria ambos times, em detrimento dos africanos.
Não é preciso ser vidente para adivinhar o que aconteceu, mas os times podiam ter disfarçado melhor: a Alemanha fez 1 x 0 aos 10 minutos de jogo, e os 80 minutos seguintes foram de muito toque de bola no meio campo, com os times visivelmente desinteressados e a torcida vaiando a falta de esportividade.
4. A Copa da qual ninguém queria participar (1950)Se hoje as seleções saem quase no tapa para chegar ao Mundial, até a metade do século passado não era bem assim. Com o mundo ainda abalado no pós-guerra, e uma sede bem distante da Europa, a Copa de 50, no Brasil, exigiu muito jogo de cintura da FIFA para conseguir participantes.
Duas desistências foram marcantes. A primeira foi a da Escócia, que obteve a vaga numa mamata criada pela FIFA, onde o 2º lugar de um torneio que envolvia a Inglaterra também ganharia a vaga. Como era de se esperar, os ingleses venceram e os escoceses ficaram em segundo. Alegando não se sentirem merecedores, desistiram de participar. Já a Índia ganhou a vaga no campo, porém desistiu por um motivo esdrúxulo: seus jogadores tinham o hábito de jogar descalços, o que não era permitido pela FIFA. Não houve acordo e os indianos desistiram do Mundial.
5. “Hijos de p…” (1990)Nápoles foi a sede da semifinal da Copa de 90, que deixou a cidade dividida. De um lado, a Argentina do ídolo local, Maradona. Do outro, a Itália, pátria-mãe. A Argentina eliminou a Itália e Maradona achou que teria o apoio dos italianos, por ser popular em Nápoles.
Mas a final foi em Roma, e a mágoa italiana se revelou na hora do hino da Argentina, intensamente vaiado. Irritado, Maradona desabafou, sendo pego no ato. Um pouco de leitura labial revela toda a revolta de Dieguito.
6. Um jogão (1990)O embate Itália e Argentina na semifinal da Copa de 90 foi um grande jogo. Literalmente, porque o árbitro francês Michel Vautrot simplesmente deu 8 minutos de acréscimo no final do 1º tempo. O motivo foi esdrúxulo: ele se esquecera de verificar o cronômetro. Como o jogo terminou empatado, indo para a prorrogação, e depois para a disputa de pênaltis, não será surpresa se for o jogo mais longo da história das Copas.
7. Chuveiro sem suor (1986)Bola rolando para Escócia x Uruguai, na Copa de 86, e em apenas 50 segundos de jogo, uma falta violentíssima do uruguaio Batista. O juiz não pensou duas vezes e mostrou o cartão vermelho. Foi a expulsão mais rápida da história dos mundiais. Esse foi pro chuveiro sem ter nada para limpar.
8. Vai uma edição de áudio aí? (1970)Uma cena curiosa ocorreu no jogo entre Uruguai x União Soviética pelas quartas de final da Copa de 70. Como mandava o protocolo, foi executado o hino soviético e depois o hino uruguaio. Só que o hino do Uruguai possui uma introdução muito longa, e após uma breve parada, inicia-se a parte cantada.
Como não editaram o hino (como é feito com o hino brasileiro hoje em dia), logo após a pausa que antecede a parte cantada, os jogadores soviéticos simplesmente saíram para começar seu aquecimento. Quando perceberam que o hino ainda não havia acabado, alguns voltaram e outros ficaram parados em diversos locais do campo.
9. O uniforme mais esquisito da história (1978)França e Hungria se enfrentaram na 1ª fase da Copa de 78 já eliminadas. Porém uma confusão marcou o jogo. Ambos os times só levaram camisas brancas para a partida, e não tinham os outros uniformes. Sobrou para os franceses a solução, que consistiu em conseguir camisas de um time local de Mar del Plata, o Clube Atlético Kimberley, listradas em verde e branco, compondo sem dúvida o uniforme mais esquisito da seleção francesa em todos os tempos.
10. Guerra de patrocínio (1974)Um impasse se abateu sobre a seleção holandesa de 1974. Seu maior craque, Johann Cruyff, possuía um patrocínio da Puma, enquanto a seleção era patrocinada pela Adidas. Cruyff se recusava, por problemas contratuais, a usar a camisa holandesa com três listras nas mangas. A solução? No final das contas, a camisa de Cruyff era a única da seleção que possuía apenas duas listras, uma sacada bem sutil.
11. Um dia infernal para os narradores (1986)Inglaterra x Marrocos se enfrentavam na Copa de 86, e tudo corria tranquilo, apesar do 0 x 0 no placar. Aos 31 minutos do 2o tempo, o técnico inglês Bobby Robson resolve tirar Mark Hateley e colocar Gary Stevens, camisa 15, em campo. Tudo certo se não fosse um detalhe: o camisa 2 da Inglaterra, que havia começado o jogo e estava em campo, se chamava… Gary Stevens. Ambos defensores, mas um jogava no Everton, e o outro no Tottenham. Tá certo que nos jogos da Coréia, a profusão de Kims e Parks é grande, mas nome e sobrenome iguais foi a primeira vez. Imagino como os narradores devem ter adorado a situação.
12. A regra é clara? (1974)A seleção do Zaire (atual República do Congo) foi à Copa de 74 para ser o saco de pancadas. Em jogo contra a Iugoslávia, levou de 9 x 0.
Contra o Brasil, na última rodada do grupo, um jogador mostrou o quão inocente e despreparada era aquela seleção. O Brasil tinha uma cobrança de falta; assim que o juiz apitou, o jogador Mwepu simplesmente correu para a bola e chutou para longe, antes que um brasileiro tocasse na bola. Recebeu cartão amarelo e ainda questionou o juiz. Claro: se ele tinha apitado, qualquer um podia chutar!
13. Histórias das eliminatórias (1970, 1990, 1994, 2010)As eliminatórias da Copa guardam histórias pitorescas e dramáticas. Os jogos entre Honduras e El Salvador, valendo classificação para a Copa de 70, foram tão tensos e cheios de animosidade, que, entre outros motivos, acabaram levando os dois países a uma guerra de verdade, a chamada Guerra do Futebol. Outra batalha campal foi entre Brasil x Chile em 90, que culminou com toda a farsa armada por Rojas e Cia. no episódio da fogueteira do Maracanã.
Houve também o maior drama de todos, vivido pela seleção de Zambia em 1993. Com um bom time e grandes chances de classificação, o avião que levava a seleção para uma partida da eliminatória caiu na costa do Gabão, matando toda a comissão técnica e jogadores. Mesmo assim, com um novo time formado às pressas, Zambia quase foi ao mundial de 94, perdendo a vaga na última rodada para o Marrocos.
E algumas seleções foram eliminadas de forma inacreditável. A França precisava de apenas um empate para garantir a vaga para a Copa de 94 com duas rodadas de antecipação, e faria os dois jogos em casa, contra Israel e Bulgária. Vencia Israel por 2 x 1, mas permitiu a virada no final do jogo. Contra a Bulgária, nova chance, e os franceses saíram na frente, mas cederam o empate. E inacreditavelmente, faltando 10 segundos para o fim do jogo, tomaram o gol que os tirou da Copa.
Já o jogo entre Arábia Saudita x Bahrein, em 2009, foi de arrepiar. Precisando da vitória, os sauditas pressionavam, jogando em casa, e conseguiram um gol aos 45 do segundo tempo, para alívio de sua torcida, que já comemorava a classificação para uma repescagem, quando os barenitas conseguem um empate relâmpago, eliminando os atônitos árabes.
14. Compartilhando agulha (1954)A Alemanha de 1954 foi o único time totalmente composto por amadores a vencer uma Copa do Mundo, isto porque naquela época, com o país ainda convalescendo da 2ª Guerra Mundial, não havia futebol profissional. Mesmo assim, e mesmo tendo levado uma goleada de 8 x 3 da Hungria na primeira fase, conseguiram bater os favoritíssimos húngaros na final, que foi batizada de “O Milagre de Berna”.
Misteriosamente, após a Copa houve um surto de icterícia entre os jogadores alemães. Um documentário de 2004 alega que os jogadores receberam injeções de alguma substância, através de uma agulha roubada de um médico soviético. Provavelmente espalhou-se uma hepatite entre eles.
15. Um dia de cão (1962)No jogo entre Brasil x Inglaterra pela Copa de 62, a partida foi interrompida pela entrada de um cachorro no gramado. E o cachorro ousou, porque conseguiu fugir de vários jogadores que tentaram pegá-lo. Ironicamente, Garrincha, exímio driblador, levou um baile do cachorro. Coube ao inglês Jimmy Greaves ludibriar o bicho e pegá-lo. Diz a lenda que o cachorro urinou na camisa de Greaves ao ser retirado, e Garrincha não perdoou o inglês na gozação.
16. “Comendo” os adversários (1962)Uma das estratégias da comissão técnica chilena em 62 era servir uma refeição temática de acordo com o adversário na Copa. Assim, comeram queijo gruyere ao enfrentar a Suíça, espaguete contra a Itália… e tudo parecia dar certo. Mas o café, apesar de estimulante, não funcionou ao enfrentarem o Brasil na semifinal.
17. Brilha o Diamante Negro (1938)Na estreia do Brasil na Copa de 1938, Brasil e Polônia travaram um duelo recheado de gols, com o tempo normal terminando num empate de 4 x 4. Na prorrogação, brilhou a estrela de Leônidas da Silva, com um gol no mínimo curioso. Sua chuteira havia estourado, e como naquele tempo não era permitido substituir atletas, Leonidas continuou em campo descalço, enquanto consertavam sua chuteira.
Em determinado momento, a bola sobrou para Leonidas que bateu de pé descalço mesmo, fazendo mais um gol para o Brasil, que no final das contas venceu por 6 x 5. Em decisão muito controversa, o técnico Adhemar Pimenta deixou Leônidas de fora da semifinal contra a Itália, que o Brasil acabou perdendo. Muitos juram que, com ele em campo, a história teria sido outra. No fim, o Diamante Negro acabou artilheiro daquela Copa.
Nota: O famoso chocolate da Lacta é, sim, uma homenagem a Leônidas.
18. Os gols mais valiosos da história (1990)Você já ouviu falar de Ali Thani Jumaa e Khalid Ismail Mubarak? Muito se comenta de grandes gols da história das copas, mas provavelmente os dois gols que esses dois jogadores da seleção dos Emirados Árabes marcaram na Copa de 90, respectivamente contra Iugoslávia e Alemanha Ocidental, foram mais valiosos que a imensa maioria dos outros. Motivo: cada jogador recebeu, como recompensa pelos gols, um Rolls Royce novinho em folha.
19. Manda quem pode (1982)Durante o jogo França x Kuwait, pela Copa de 82, um apito soou na arquibancada enquanto a França atacava. A defesa do Kuwait parou e Giresse marcou o gol. Após muita reclamação, o presidente da federação kuwaitiana, também um príncipe em seu país, invadiu o campo e conseguiu a anulação do gol na base do grito. Um Eurico Miranda das Arábias.
20. Tristes retornos (1958, 1966, 1994)Seleções que tinham grandes expectativas e voltam para casa após um fiasco podem sofrer nesse triste retorno. Alguns casos são notórios. A Argentina foi eliminada após uma goleada por 6 x 1 para a Tchecoslováquia, em 1958. Ao chegar no aeroporto de Ezeiza, uma chuva de ovos podres aguardava os jogadores. Tentando fugir da mesma sina, a seleção italiana que foi à Copa de 66, e foi eliminada pela Coréia do Norte, resolveu mudar secretamente o aeroporto onde o voo da volta pousaria. Pelo visto não foi tão secreto assim, pois alguns torcedores descobriram, e os jogadores não escaparam de tomates e ovos.
Em outros casos, houve violência mesmo. A torcida camaronesa elegeu o goleiro Bell um dos culpados pela eliminação em 94, e depredou sua casa. Mas o pior mesmo aconteceu com o zagueiro Escobar, da seleção colombiana de 94. Logo após a Copa, ele foi assassinado, provavelmente por ter marcado um gol contra que acabou eliminando o país.
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