por Henrique Oliveira
Uma declaração da candidata a presidência da república Dilma Roussef, chamou a atenção de muitos brasileiros nesta última terça-feira. Respondendo a ataques do candidato tucano José Serra, que chamou o esquema de nomeações em cargos públicos de “loteamento em órgãos estatais”, Dilma afirmou que “critérios políticos” devem ser considerados na hora de se preencherem os cargos do poder público. Segundo a candidata, “tem que exigir critérios técnicos para o preenchimento de cargos, mas também devem ser considerados critérios políticos. Não é possível achar que terá só técnicos. (…) O critério é a pessoa ter compromisso com o seu povo, estar ideologicamente ligado a ele e ter lado. Eu tenho lado. O meu lado são os 190 milhões de brasileiros.” (fonte: G1).
O problema não está tanto na opinião da candidata em si. Mas, sim no perigo revelado por suas palavras. Afinal, quais seriam, de fato, estes “critérios políticos”? A fala de Dilma abre espaço para que pensemos na temeridade de termos um futuro governo que, em nome de critérios obscuros, seja uma verdadeira máquina de apadrinhamentos (como outros do passado já foram). Dizer que a paixão pelo país será um critério, nada mais é do que uma saída retórica da candidata. Na verdade, essa paixão não é, e nem será, parâmetro para qualquer escolha.
Talvez um dos maiores problemas da atual política brasileira, seja justamente o excesso de cargos de confiança no funcionalismo público. Órgãos e mais órgãos do governo nas três esferas administrativas (municipal, estadual e federal) estão abarrotados de gente escolhida por critérios nada sérios de seleção. Usando uma série de regras inventadas, administrações públicas por aí, colocam à (des)serviço da população time inteiros de picaretas e aproveitadores. Critérios “políticos” e subjetivos, podem até fazer parte de uma escolha governamental, porém não devem sobrepujar o rigor que um trabalho bem feito requer.
É claro que um governo não se faz só de técnicos. Afinal, somos seres humanos e estamos cheios de sentimentos e opiniões. Porém, seria mais aceitável que um governo futuro minimizasse os famigerados “cargos por indicação” e colocasse seu foco na contratação de profissionais realmente qualificados e éticos, dotados da devida formação. Talvez, ao contrário do que pensam muitos, fosse esse um dos passos para a faxina que tanto se faz urgente na política do nosso país.
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