quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MEGA POST Como funcionam as seitas?


Introdução


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Shelly Katz / Liaison
A sede dos Davidianos explodiu em abril de 1993, como conseqüência de um impasse entre a seita, liderada por Davis Koresk, e o FBI
Quando a maioria de nós ouve a palavra seita, talvez imagine um grupo de pessoas alienadas que sofreram lavagem cerebral e praticam atos macabros. Talvez lembre de assassinatos em massa ou outras cenas negativas. Mas o que imaginamos é real? O que é exatamente uma seita e no que ela difere de uma religião? São todas perigosas? As pessoas que participam de seitas destrutivas são mentalmente perturbadas ou somos todos igualmente suscetíveis?
Neste artigo, vamos separar a realidade da ficção e saber exatamente o que é uma seita, o que caracteriza uma seita como destrutiva e, além disso, dar uma olhada em alguns dos mais notáveis acontecimentos sobre seitas na história moderna.    
O que é uma seita?
As seitas que estão envolvidas com notícias negativas não são uma  regra. Basicamente, uma seita é apenas um grupo religioso pequeno, não estabelecido, sem um objetivo final, que gira em torno de um único líder. O American Heritage Dictionary define seita da seguinte forma:

  1. uma religião ou culto religioso considerado extremista ou falso, com seus seguidores normalmente vivendo de forma não convencional, sob orientação de um líder autoritário e carismático;
  2. um sistema ou comunidade de adoração e rituais religiosos.
A primeira definição se aproxima mais do uso que fazemos do termo, mas você deve ter percebido que não há menção sobre assassinato ou assassinato coletivo. Não há diferença significativa entre seita e religião em termos de fé, moralidade ou espiritualidade. As principais diferenças são: uma seita funciona fora da sociedade, normalmente faz seus seguidores prometerem total comprometimento com o grupo e tem um único líder, enquanto uma religião normalmente está inserida na cultura do povo, requer vários níveis de comprometimento de seus membros e tem uma hierarquia de liderança que, na prática, pode funcionar como uma série de limitações e inspeções.
Seitas no Brasil 
O Brasil é um continente de contrastes, em todos os aspectos, e isso não poderia ser diferente em relação à fé. O país é predominantemente cristão, com destaque para o catolicismo, mas de norte a sul do país podemos encontrar diversas religiões, crenças e, inclusive, seitas. Veja algumas das instituições que são consideradas seitas:

  • Igreja do Trance Divino (ITD) - criada em 2005, na Chapada dos Veadeiros (interior de Goiás), chama a atenção por seus adeptos adorarem discos voadores e música eletrônica. 
  • Igreja de Cristo Internacional de Boston (ICI) - teve início oficialmente em São Paulo, em maio de 1987 e se expandiu para outras cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte (1994) e Salvador (1997). Interpreta a Bíblia segundo a visão do fundador, Kipp Mckean.
  • LBV - foi fundada oficialmente em 7 de setembro de 1959 por Alziro Zarur. Sua missão é: “Promover Educação e Cultura com Espiritualidade, para que haja Alimentação, Saúde e Trabalho para todos, na formação do Cidadão Ecumênico”.
  • Santo Daime - em 1945, Mestre Irineu fundou o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, que chegou a congregar 500 membros efetivos. Utiliza em suas cerimônias religiosas uma substância psicotrópica alucinógena chamada "dimetiltriptamina" (DMT).
  • Vale do Amanhecer - seita xamanista (centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento) fundada em 1968 e localizada a 6 km de Planaltina, cidade satélite de Brasília. Teve sua criação diretamente associada à vida da sergipana e ex-caminhoneira Neiva Chaves Zelaya (Tia Neiva) e às supostas aparições de uma entidade indígena chamada Pai Seta Branca, seu mentor espiritual. Conta com cerca de 36.000 adeptos.
  • Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade - fundada no Paraná, em 1982, por Iuri Thais Kniss, que se auto-intitula Inri Cristo. Ele se proclama a reencarnação de Jesus Cristo. Popularmente, Inri é visto como uma personalidade humorística, tendo aparecido em diversos programas de TV.
  • Borboletas Azuis - Roldão Mangueira de Figueiredo, fundador e líder da seita da Paraíba, previu que no dia 13 de maio de 1980 o mundo acabaria num dilúvio. A notícia causou grande pânico em Campina Grande (PB), mas com a não concretização da profecia, a seita afundou no esquecimento.
Embora a maioria das seitas existentes no Brasil não seja considerada destrutiva, há alguns casos que chegaram à mídia envolvendo rituais macabros e mortes:
  • 2003 - supostos membros da seita Delineamento Universal Superior foram acusados de seqüestrar, torturar, castrar e matar cinco crianças em Altamira, no Pará, entre 1989 e 1993 em rituais de magia negra. Quatro acusados foram condenados. Um estava foragido na época do julgamento.
  • 1998 - em 27 de dezembro de 1998, o pastor da seita Igreja Pentecostal Unida do Brasil, em Seringal Larvas, Tarauacá (Acre), foi preso. Francisco Bezerra de Morais, (“pastor” Totó), juntamente com outros membros da seita, mataram seis pessoas a pauladas e depois as queimaram. O líder disse que agiu por ordem de Deus. A situação só não se tornou mais grave porque alguns seguidores conseguiram fugir e avisar as autoridades.
  • 1977 - José Maurino Carvalho e Maria Nilza Oliveira Pessoa foram considerados os responsáveis pelo assassinato de 8 crianças em 30 de abril de 1977, na praia de Stella Maris, em Salvador. Eles eram líderes da Igreja Universal Assembléia dos Santos. A seita pregava o abandono do casamento civil e o voto, considerados obrigações mundanas. Os líderes diziam ainda que Jesus havia ordenado as mortes.

Seitas destrutivas

Existe uma grande diferença entre uma seita destrutiva e uma religião não destrutiva (ou uma seita não destrutiva). Uma seita destrutiva (ou totalista) explora a vulnerabilidade de seus membros para ganhar total controle sobre eles, normalmente usando técnicas psicológicas com o objetivo de conseguir algum tipo de controle mental sobre seus membros. Já uma religião ou seita não destrutiva tenta aliviar a vulnerabilidade de seus membros por meio de orientação espiritual, esforçando-se para ajudá-los a ter controle sobre sua vida.
Enquanto a maioria das religiões menos predominantes são inofensivas, certas circunstâncias fazem delas um ninho fácil para práticas destrutivas. A seita californiana O Templo do Povo começou como uma instituição de caridade que possuía uma clínica médica e um programa de reabilitação de drogados. E terminou em suicídio coletivo em Jonestown, Guiana (em 1978), em que cerca de 900 seguidores tomaram uma mistura de suco de laranja com cianureto. O mais impressionante é que aqueles que se negaram a tomar a mistura foram assassinados a tiros. Como algo que começou trazendo tanta esperança às pessoas pode ter se tornado tão negativo? Existe muita especulação a respeito do que aconteceu aos membros do Templo do Povo, mas para a maioria, o que deu errado é o que normalmente acontece com a maioria das seitas destrutivas: a liderança.

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Don Hogan Charles / New York Times Co.
Reverendo Jim Jones, líder do Templo do Povo, e sua família em 1976

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David Hume Kennerly
Novecentos membros do Templo do Povo (incluindo mais de 200 crianças) mortas depois que Jones comandou um assassinato/suicídio coletivo em 1978
Primeiramente, muitas destas religiões são fundadas por uma única pessoa, que retém uma posição de poder exclusivo na organização e o poder tende a corromper até as pessoas mais éticas. No caso do Templo do Povo, existem provas de que seu líder, o reverendo James (Jim) Warren Jones, durante os anos 70, estava abusando de medicamentos que só são vendidos mediante prescrição médica e ficando cada vez mais paranóico. Pelo fato destes grupos operarem fora da sociedade, ninguém inspeciona seus procedimentos, portanto, um líder desonesto e mentalmente instável fica livre para explorar seus seguidores da maneira que bem entender. Além destaestrutura autoritária de liderança, ainda existem algumas características básicas em uma seita destrutiva:

  • liderança carismática
  • mentira e enganação no recrutamento de novos membros
  • uso de métodos para controle mental
  • isolamento (físico e/ou psicológico)
  • exigência de devoção e lealdade inquestionáveis e absolutas
  • distinção rígida e insuperável entre "nós" (bem, salvo) e "eles" (mal, vão para o inferno)
  • "linguagem interna" que apenas os membros entendem completamente
  • controle rígido sobre as rotinas diárias dos membros
No restante deste artigo, quando nos referirmos às técnicas empregadas pelas seitas, estaremos falando sobre seitas destrutivas e não sobre os pequenos grupos religiosos que não fazem mal a ninguém. Nas seções seguintes, vamos examinar mais de perto as seitas destrutivas e descobrir como funcionam. Vamos começar pela estrutura de liderança.

Tem de tudo
Nem todas as seitas destrutivas são de natureza religiosa. Podem ser baseadas em objetivos políticos e financeiros também. No fim das contas, o objetivo é subjugar a individualidade dos membros para satisfazer os desejos do(s) líder(es) reforçando sua posição autotitulada de salvador, participando de atividades destrutivas em nome de uma revolução política ou simplesmente enchendo os bolsos do líder com o dinheiro suado dos membros.
Existem grupos políticos radicais, esquemas de pirâmide comercial e seminários de auto-ajuda que empregam técnicas semelhantes de recrutamento e lavagem cerebral como os dos cultos religiosos destrutivos, tentando atingir pessoas com certa vulnerabilidade e mantê-las envolvidas. O resultado final é um "convertido" capaz de acabar com a própria vida em nome do capitalismo destrutivo, de convencer todas as pessoas queridas a entrar no mesmo negócio que está acabando com suas economias de toda uma vida, ou de ficar se inscrevendo em uma série interminável de palestras, seminários e retiros que prometem cura psicológica e espiritual, mas que na verdade apenas servem para acabar com sua conta bancária.

A estrutura de liderança


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Don Hogan Charles / New York Times Co.
Jim Jones, líder do Templo do Povo

Não existe seita sem um líder poderoso e carismático. Um líder carismático possui a estranha habilidade de fazer as pessoas o seguirem sem questionamentos. A frase "culto de personalidade" se refere a este tipo de dinâmica de grupo. Os membros da seita são devotos do líder, não de suas idéias. Ele tem total controle sobre seus seguidores, ninguém questiona suas decisões e ele não tem responsabilidade por nenhuma pessoa do grupo.

Uma seita pode ter mais de um líder, mas isso é incomum. A maioria das seitas religiosas exige devoção absoluta a uma única pessoa que é considerada o Deus, ou conectada diretamente a Ele (o Messias), a um profeta ou a algum outro de posição sagrada. Este é um componente importantíssimo para manter a devoção absoluta: para os membros de uma seita, apenas essa pessoa pode levá-los à salvação. Sem ela, eles passarão a eternidade no inferno.

Cedido por Getty Images; Nine Network Austrália
David Koresh

Como uma pessoa consegue uma posição como esta? Uma cena comum é um pregador ou membro de igreja que tenha sido expulso de lá por pregar idéias extremas ou não convencionais ou por mostrar sinais de desonestidade ou instabilidade. Quando ele vai embora, seus seguidores vão junto, ou ele se junta a uma seita já existente e acaba fazendo de tudo para ter controle. David Koresh, líder da seita dos Davidianos, que foi cercada e destruída pelo governo americano em 1993, pregava em uma igreja cristã antes de ter sido expulso por "influenciar negativamente" alguns membros mais jovens da igreja. Oreverendo James (Jim) Warren Jones, que deu ordens a centenas de membros do Templo do Povo para que bebessem um ponche envenenado em Jonestown, Guiana, em 1978, havia sido ordenado como pastor de uma igreja cristã comum.

Mas nem todos começam em uma religião normal. Alguns líderes são simplesmente indivíduos anti-sociais e destrutivos que pensam ter um talento especial para manipular as pessoas. Charles Manson se encaixa nesta categoria.

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Charles Manson (de braço erguido) rodeado por sua "família" no início dos anos 70
Manson era o carismático líder de uma seita do dia do juízo final (que a mídia apelidava de "A Família") com mais de cem membros, próxima a Los Angeles, Califórnia. Ele passou quase toda a juventude nas ruas ou na prisão. Em uma instituição, Manson era descrito como um jovem muito perturbado emocionalmente que precisava de orientação psicológica. Era também classificado como violento e manipulador. Depois de ter completado 18 anos, seus crimes passaram de furtos e roubos de carros para intermediação de prostitutas, estupro e fraude. Em 1967, Manson foi posto em liberdade condicional e foi para São Francisco, onde virou hippie e conseguiu vários seguidores, a maioria mulheres jovens perturbadas e desiludidas com os Estados Unidos. Charlie tornou-se o guru destas pessoas. Ele pregava que o mundo seria destruído por uma guerra racial. Negros destruiriam pessoas brancas ricas e ganhariam uma posição de dominância, mas a estrutura de poder dos negros iria por água abaixo devido à inexperiência. Depois, a Família Manson apareceria para dominar o mundo.

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Sahm Doherty / Fotos da Time and Life
Manson sendo levado de um julgamento em 1969

Manson referia-se a si mesmo como a reencarnação de Jesus. Seus seguidores o chamavam de "Deus" ou "Diabo". Manson e os membros de sua seita assassinaram pessoas brutalmente, cometendo o mais famoso assassinato coletivo, atirando e esfaqueando sete pessoas em dois dias, inclusive a atriz Sharon Tate (esposa do diretor Roman Polanski), que na ocasião estava grávida de oito meses. A maioria dos relatos concluiu que Manson mandou seus seguidores matarem suas vítimas brutalmente, mas ele mesmo nunca matou ninguém. Seu poder sobre sua "família" era absoluto. Enquanto estava sendo julgado por assassinato, um de seus seguidores, Lynette Fromme, protestou gravando um "X" em sua testa nas escadarias do palácio da justiça. Mais tarde, Fromme tentou matar o presidente Gerald Ford, na tentativa de chamar atenção novamente para o caso Manson. Em março de 2006, Charles Manson ainda estava na prisão, e durante o tempo que esteve preso recebeu milhares de cartas de pessoas que esperam se tornar membros da Família Manson.

Manson encontrou seus seguidores entre os drogados, pessoas mentalmente perturbadas e pessoas que eram contra as instituições americanas nos anos 60, em São Francisco. Mas nem todos os líderes encontram uma base já pronta de prováveis recrutas. A escolha de pessoas para participarem das seitas é um assunto polêmico, pois alguns acreditam que esse tipo de seleção tenha acabado desde seu auge, nos anos 70, e outros que está apenas mais sutil. Seja qual for o grau do problema, existem pessoas por aí procurando por prováveis membros para seitas. Na próxima seção, vamos conhecer algumas técnicas para a escolha e recrutamento dessas pessoas.

Recrutamento dos membros


Você deve ter a imagem de um "recruta", ou seja, um membro novato de uma seita, como um jovem problemático, talvez "doente mental", facilmente explorado por seitistas sem ética. No entanto, estudos mostram que pessoas que se juntam a seitas possuem uma incidência apenas um pouco maior de problemas psiquiátricos do que a população em geral.

Membros de seitas são de todos os estilos de vida, faixas etárias e tipos de personalidade. No entanto, uma característica comum entre quase todos é oestresse elevado. Pesquisas indicam que a maioria das pessoas que acabam entrando para uma seita foram pegos durante um período de grande estresse. Pode ser o estresse associado com a adolescência, sair de casa pela primeira vez, uma separação ruim, perda de emprego ou morte de uma pessoa amada. Pessoas nestas condições podem estar mais suscetíveis quando uma pessoa ou um grupo diz ter as respostas para todos os seus problemas. Michael Langone, Ph.D., um psicólogo especializado em seitas, também define alguns traços psicológicos que podem fazer de uma pessoa um alvo fácil, entre eles:
  • dependência - um forte desejo de fazer parte de algo, resultado de uma baixa confiança em si mesmo;
  • falta de autoconfiança - uma dificuldade para dizer não ou questionar autoridade;
  • ingenuidade - uma tendência em acreditar no que dizem sem ao menos pensar no assunto;
  • baixa tolerância a incertezas - uma necessidade de ter as respostas para todas as perguntas imediatamente, tudo preto no branco;
  • desilusão com a situação atual - um sentimento de marginalidade dentro da própria cultura e um desejo de ver essa cultura mudar;
  • idealismo ingênuo - uma crença cega de que todos são bondosos;
  • desejo por um sentido espiritual - uma necessidade de acreditar que a vida tem um objetivo maior.
Os recrutadores, pessoas designadas para conseguir recrutas, passeiam por lugares onde é provável que encontrem pessoas passando por um período de muito estresse ou que possuam os traços de personalidade descritos acima, ou seja, passeiam por toda parte. Alguns lugares bem produtivos podem ser campus de universidade, encontros religiosos, grupos de apoio e de auto-ajuda, seminários relacionados à espiritualidade, mudança social e agências de emprego. Em um artigo de 1990, na San Francisco Examiner, um ex-membro de uma seita, que não quis se identificar, comentou sobre como é fácil ser pego por eles: "as pessoas não percebem como são suscetíveis. Os sorrisos estampados naqueles rostos levam pessoas ingênuas e receptivas a acreditarem no que dizem". Ela foi abordada no campus da Universidade da Califórnia, em San Diego, quando tinha 19 anos. Seu pais fizeram de tudo para "desprogramá-la", oito anos depois (leia mais sobre desprogramação na seção "Saindo").
Os principais métodos para a escolha dos membros gira em torno dadecepção e da manipulação. Prováveis membros não ficam sabendo da verdadeira natureza ou intenções do grupo. Em vez disso, os recrutadores retratam o grupo como sendo algo para o público em geral, sem pressão e benigno. Podem dizer, durante um encontro na igreja, que o grupo se reúne uma vez por semana para discutir idéias a fim de levantar fundos para um novo abrigo de sem-tetos. São capazes de convidar um aluno de colegial para conversar sobre como o serviço público pode melhorar o sistema de inscrição para as universidades. Identificam as necessidades ou desejos específicos de seus alvos e jogam com eles. Aprendem a detectar os medos e vulnerabilidades das pessoas e retratam a seita conforme estes dados. Por exemplo, se uma jovem acabou de passar por um rompimento com o namorado e está se sentindo deprimida e sozinha, um membro da seita pode dizer a ela que seu grupo ajuda pessoas a superar problemas interpessoais e a reconstruir a confiança para dar a volta por cima. Se um homem acabou de perder sua esposa em um acidente de carro e não consegue suportar o fato de não ter dito adeus, um recrutador pode dizer que seu grupo ajuda pessoas a alcançar a paz depois de uma morte repentina.
Parece estranho que alguém aceite estes tipos de convites, mas existem alguns fatores que fazem a situação parecer mais agradável. Primeiro, o recrutador pode ser alguém que a "vítima" conheça. Pode estar no dormitório daquela garota da faculdade ou no grupo de apoio a sobreviventes daquele homem. Quando alguém está triste, solitário ou desesperado, pode confiar facilmente em alguém que diz que sabe o caminho de volta para a felicidade. Além disso, seitas normalmente isolamos novatos para que não tenham uma "tomada de consciência". Podem realizar reuniões ou serviços em horários que normalmente seriam para passar com a família e com os amigos, podem fazer "retiros" que insiram o novato em uma mensagem de grupo por vários dias seguidos e podem pedir que eles não discutam sobre o grupo com outros até que saibam mais a respeito, para que não iludam as pessoas ou contem apenas uma parte da história. Este tipo de isolamento estreita drasticamente a estrutura de reação de uma pessoa por um período de tempo, até o ponto em que as únicas pessoas com quem eles realmente se comunicam sejam os membros do grupo para o qual estão sendo convidados. Por esta razão, suas dúvidas a respeito do grupo nunca são reforçadas e acabam se transformando em insegurança. Ao olhar para seus sorrisos, para as pessoas amáveis que encontraram paz e felicidade os seguindo, até parece que este é o caminho certo.
Uma vez que a pessoa participa de uma reunião, serviço ou palestra, é convidada para muitas outras. É recebida com muita alegria na família da seita e convidada a se comprometer com o grupo. Já, a partir do primeiro dia, o processo é de manipulação e decepção. Para os que ficam, o processo de aceitação culmina na submissão de sua própria personalidade para a "vontade do grupo". Na próxima seção, vamos conhecer o que a doutrinação exige.

A pessoa que amo faz parte de uma seita?
Se você suspeita que alguém que você ama faz parte de uma seita destrutiva, a primeira coisa a fazer é permanecer calmo e ser racional. Descarte temporariamente tudo a respeito de "seita" e pergunte a si mesmo por que está preocupado e que comportamentos estão deixando você preocupado. Anote-os. Estes comportamentos são perigosos? Destrutivos? Caso sejam, o próximo passo é tentar descobrir se podem ser resultado do envolvimento com o grupo em questão. Não existem checklists perfeitos e comprovados cientificamente para envolvimento em uma seita totalista, mas aqui estão algumas fontes que podem ajudar: Caso a pesquisa o leve a crer que o comportamento desta pessoa pode de fato ser atribuído ao envolvimento em uma seita destrutiva, seu próximo passo continua sendo o mesmo: permaneça calmo e seja racional. Converse com ela sobre suas preocupações e ouçasuas respostas. Caso seus medos se confirmem, consulte um psicólogo ou orientação específica para descobrir como ajudá-la sem causar danos futuros. Existem várias organizações dedicadas em instruir e ajudar famílias preocupadas. Dê uma olhada nos seguintes links para mais informações:

Doutrina


Parece campo de treinamento de novos recrutas
Embora algumas pessoas vejam semelhanças entre as práticas de controle mental usadas nas seitas e o treinamento dado a militares, a diferença é grande. Em primeiro lugar, os recrutas militares sabem desde o primeiro dia que ser um militar significa abrir mão de parte de sua autonomia: é assim que funciona a hierarquia militar. Eles tomam uma decisão consciente de abrir mão dessa autonomia, enquanto que um novato em uma seita não sabe que a submissão total é uma exigência para a sua participação. Além disso, a pessoa que entra para o exército faz isso por um período de tempo específico, faz parte de um contrato estabelecendo o tempo em que ele será um soldado e o que ganhará em troca. Na seita, a pessoa pensa que pode sair quando bem entender, mas na verdade, seu compromisso com o grupo não é especificado. Uma outra diferença importante é a que dá suporte a todas as outras distinções: o exército deveprestar contas de suas atividades ao governo, pois é uma organização regulamentada. Uma seita não presta contas a ninguém.

A seita destrutiva usa inúmeras técnicas para fazer com que os membros fiquem, comprometam-se e participem até de atividades que podem ser prejudiciais. A soma destas técnicas constitui o que algumas pessoas chamam de controle mental. É também conhecida como lavagem cerebral e persuasão e envolve o sistemáticorompimento do sentido do 'eu' de uma pessoa.

Patty Hearst, herdeira da fortuna Hearst, ficou famosa nos anos 70 após ter sido seqüestrada pelo Exército Simbionês de Libertação, que alguns consideram uma "seita política" e, aparentemente, ela sofreu lavagem cerebral ao entrar para o grupo. Existem relatos de que Hearst foi trancada em um armário escuro por vários dias após o seqüestro, passou fome, cansaço, foi brutalizada e temeu perder sua vida enquanto membros do Exército Simbionês de Libertação a bombardeavam com sua ideologia política anticapitalista. Dois meses após ter sido seqüestrada, Patty mudou de nome, emitiu uma declaração na qual se referia à sua família como os "porcos-Hearsts" e apareceu em uma fita de segurança roubando um banco junto com seus seqüestradores.
Controle mental é um termo geral para várias técnicas de manipulação usadas para conseguir que as pessoas façam algo que normalmente não fariam. Seu conceito é controverso, alguns dizem que é mera propaganda usada para espantar as pessoas de novas religiões e movimentos políticos. No entanto, a maioria dos psicólogos acredita que as técnicas de lavagem cerebral, similares às usadas em interrogatórios de prisioneiros, mudam os processos de pensamento de uma pessoa. Na doutrina e na escolha de pessoas para participar de seitas, estas técnicas incluem os itens abaixo relacionados.
  • Decepção - as seitas usam truques para conseguir membros e para fazer com que se comprometam com uma causa ou estilo de vida do qual não têm total conhecimento.
    • As seitas enganam os novos recrutas/membros a respeito das verdadeiras expectativas e atividades do grupo.
    • Escondem qualquer sinal de práticas ilegais, imorais ou super controladoras até que o novato esteja totalmente envolvido com o grupo.
    • O líder pode usar a consciência alterada dos membros, induzida por atividades como meditação, cantos ou uso de drogas, para aumentar a vulnerabilidade às influências.
  • Isolamento - eles tiram os membros do convívio social (até mesmo entre eles) para conseguir introspecção intensa, confusão, perda de perspectiva e um senso de realidade distorcido. Os membros da seita passam a ser seus únicos contatos sociais e seu único mecanismo de reação.
    • Podem impedir que novos membros conversem com outros novos membros. Talvez eles só possam conversar durante um curto período com membros que já estejam comprometidos com a seita há bastante tempo.
    • Não podem ter contato não supervisionado com o mundo externo. Desta forma, não há chances de uma "tomada de consciência" ou confirmação das preocupações de um novo membro com relação ao grupo.
    • As seitas normalmente infundem a crença de que os que não são membros do grupo são perigosos.
  • Dependência induzida - as seitas exigem devoção, lealdade e submissão absoluta e inquestionável. O sentido do 'eu' de um membro de uma seita é sistematicamente destruído. No fim das contas, sentimentos de inutilidade e maldade são associados à independência e pensamento crítico, já os sentimentos de cordialidade e amor passam a ser associados à submissão inquestionável à seita.
    • O líder normalmente controla cada minuto da vida de um membro. Não há tempo livre para pensar ou analisar.
    • É dito aos membros o que comer, vestir, como alimentar seus filhos, quando dormir. E eles são impedidos de tomar decisões.
    • Quaisquer talentos especiais que ele possa ter são imediatamente desvalorizados e criticados a fim de confundir seu sentido de valor próprio.
    • Quaisquer dúvidas, certezas ou laços com o mundo externo são punidos pelo grupo através de criticismo, culpa e alienação. Perguntas e dúvidas são sistematicamente "viradas de ponta cabeça" para que ele se sinta errado, inútil e "maldoso" por perguntar. O membro se sente amado novamente ao renunciar a essas dúvidas e ao se submeter à vontade do líder.
    • Pode ser privado de alimentação adequada e/ou sono para que sua mente fique confusa.
    • O líder pode alternar momentos de elogios e carinho com desprezo e punição para mantê-lo desequilibrado, confuso e, dessa forma, causar insegurança. De vez em quando, pode oferecer presentes e privilégios especiais para que ele continue submisso.
    • Pode ser pressionado a confessar seus pecados em público, depois é cruelmente ridicularizado pelo grupo por ter sido cruel e sem valor. Se sente amado novamente quando toma conhecimento de que sua devoção à seita é a única coisa que pode lhe trazer salvação.
  • Medo - uma vez que a total dependência é estabelecida, ele deve continuar apoiando o líder ou sua vida pode desmoronar.
    • O líder pode punir a dúvida e a insubordinação com trauma físico e emocional.
    • Uma vez que os laços com o mundo externo são desfeitos, ele sente que o grupo é sua única família e que não tem outro lugar para ir.
    • A satistação às suas necessidades depende da boa vontade do líder. Ele deve "se comportar" ou não recebe comida, água, interação social ou proteção do mundo externo.
    • Passa a acreditar que apenas os membros do grupo estão salvos, portanto, se ele sair vai enfrentar a maldição eterna.
Doutrina ou controle mental é um processo longo e interminável. Os membros estão sempre sujeitos a estas técnicas, pois é parte da rotina de uma seita. Alguns se adaptam bem após um período de tempo, aceitando seu novo papel de membro do grupo e deixando de lado seu antigo sentido de independência. Para outros, é uma experiência eternamente estressante. Na próxima seção, vamos dar uma olhada em como é viver no confinamento de uma seita destrutiva.

Vida e morte em uma seita


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David Hume Kennerly
900 pessoas mortas na sede do Templo do Povo em Jonestown, Guiana
Não há uma única descrição que se enquadre no estilo de vida de cada seita destrutiva existente por aí. Mas existem alguns temas comuns. Muitos ex-membros descrevem como um tipo de existência constantemente isolada, em que a principal atividade é a repressão dos medos e ansiedades. Cantos e meditação tornam-se os principais mecanismos usados para este fim. Separados da família, dos velhos amigos e do mundo externo, suas vidas anteriores se transformam num sonho. Na nova vida, o crescimento psicológico pára, os membros são colocados em uma vida estática que depende do não pensar, não questionar, não imaginar, não lembrar. Crianças que crescem em uma seita destrutiva são atrofiadas facilmente. Normalmente, não vão para a escola e a seita pode ou não fornecer-lhes estudos.
As seitas precisam de alimentos, abrigo e roupas como todo mundo e, a menos que tenham um doador rico ou que fiquem realmente isolados, vivendo em uma selva e plantando seus próprios alimentos, isso significa que precisam de dinheiro. Algumas seitas ganham dinheiro através de meios legais para seu sustento. A seita O Portal do Paraíso, em San Diego, estava administrando um bem sucedido negócio de web design antes de ter cometido suicídio coletivo em 1997. Algumas seitas cometem crimes como fraude e sonegação de impostos para conseguirem se sustentar. Podem usar técnicas enganosas para arrecadação de fundos ou pedir que seus novos membros façam contribuições financeiras significativas para sustentar a seita.
Acima de tudo, a vida em uma seita totalista é normalmente caracterizada por controle rígido. Existe bem pouca liberdade no cotidiano: o líder determina o que cada membro pode e não pode fazer em cada minuto do dia. Isto inclui o que comer, ler, com quem conversar, o que vestir, aonde ir e por quanto tempo ele pode dormir. O líder toma decisões e os seguidores fazem exatamente o que ele decidir.
Para algumas pessoas, viver assim é um alívio, pois a vida é simples. Não há perguntas sem respostas, incertezas, preocupações a respeito do futuro ou administração de desejos conflitantes. Fora dali, as vidas de algumas pessoas eram tão horríveis que o culto acaba sendo um lugar seguro e feliz. No entanto, em muitos casos este estilo de vida causa intenso sofrimento psicológico. Muitas pessoas vivem com medo de irritar o líder ou de perder a aprovação do grupo. Devem constantemente evitar a tensão entre o mundo da seita e a vida anterior. Além disso, devem reprimir quaisquer dúvidas ou lembranças que surgirem. Em alguns casos, também existe a possibilidade de danos físicos. As punições por desobediência podem ser físicas e os membros da seita são privados de hospitais e assistência médica regular. Alguns estudos mostram que as crianças nas seitas destrutivas estão mais propensas a serem maltratadas do que as outras crianças que vivem fora dali.
Este nível de estresse pode levar a uma ansiedade crônica, doenças físicas ou até a um completo esgotamento nervoso, no qual o membro da seita pode ficar incapaz de agir no dia-a-dia. As pessoas que passam por momentos tão estressantes são as mais propensas a sair voluntariamente de lá. Na próxima seção, vamos descobrir quais opções elas têm para abandonar uma seita destrutiva.

Incidentes famosos ocorridos em seitas
  • 1997, San Diego, Calif.: O Portal do Paraíso
    39 membros cometeram suicídio por overdose e sufocamento.
  • 1994-1995, Canadá, Suíça, França: Ordem do Templo Solar
    Mais de 65 membros morrem em uma série de assassinatos e suicídios coletivos.
  • 1993, Waco, Texas: Davidianos
    80 membros morrem por causa de incêndio e de tiros durante um confronto entre o FBI e o departamento do tesouro norte-americano, responsável pelo cumprimento das leis de comercialização e produção de bebidas alcoólicas, cigarros e armas de fogo.
  • 1978, Jonestown, Guiana: O Templo do Povo
    O líder Jim Jones e mais de 900 membros morrem por envenenamento e tiros, em um assassinato/suicídio coletivo.
  • 1969, Los Angeles, Calif.: A Família Manson
    Charles Manson e seus seguidores cometem assassinato em massa, deixando nove pessoas brutalmente mortas em duas semanas.

Saindo de uma seita


As pessoas podem deixar uma seita por várias razões. Alguns ficam desiludidos e simplesmente vão embora. Foi o que aconteceu com os Davidianos. O líder previu o fim do mundo em uma data específica. Quando o dia chegou e nada aconteceu, alguns membros ficaram desapontados. O líder previu uma outra data e novamente nada aconteceu. Quando o líder morreu, sua esposa assumiu, previu uma nova série de datas que novamente falharam e com isso sobraram poucas pessoas no grupo.

Para algumas pessoas não é difícil deixar uma seita. São menos suscetíveis a técnicas de controle mental e podem ter mantido uma quantidade suficiente de sentido do 'eu' para tomarem a decisão de sair. Mas para outroas não é tão simples assim. Existem ex-membros que dizem terem passado anos tentando tomar coragem para sair. Uma pessoa verdadeiramente convertida é totalmente dependente da seita em todos os aspectos de sua vida e de sua consciência. Para um membro totalmente doutrinado, sair significa ficar sozinho e começar tudo de novo. Seu sentido do 'eu' foi totalmente destruído, a ponto dele nem ao menos saber quem é sem sua "família". Ele pode levar anos para se decidir, pois conseguir confiança para sair voluntariamente requer uma enorme força de vontade e isso não vem facilmente. Pode ser resultado de um novo contato com o mundo externo, como conversar com seus pais pela primeira vez depois de muito tempo. Isso pode acontecer quando se tem uma crise psicológica e acredita-se ser inútil demais para atender às expectativas do grupo, então o membro sai para poupar sua "família" de seu convívio. Pode ser, também, decorrente de uma experiência traumática que o leva à consciência, como testemunhar o abuso sexual de uma criança ou um assassinato dentro da seita.
No entanto, tomar a decisão de sair é apenas uma parte do processo. Supostamente, as portas devem estar abertas para que ele possa sair. Algumas seitas destrutivas deixam as pessoas irem embora. Normalmente, pressionam bastante o membro para que ele fique, mas no final ele pode escolher ir embora sem ter que pular o muro na calada da noite ou escapar de guardas armados. Em casos menos sérios, um membro que abandona o grupo pode ser "renegado", proibido de qualquer contato com pessoas que fizeram parte de sua "família" por meses, anos ou décadas, mas não sofre qualquer dano físico ao sair.
Nos casos mais sérios, uma seita pode ir ao extremo para manter controle sobre seus membros e até matá-los caso tentem sair. Quando 16 membros do Templo do Povo em Jonestown, Guiana, decidiram deixar a seita, em 1978, depois de uma visita de um grupo de governantes americanos, vários membros armados os seguiram até o aeroporto e começaram a atirar. Onze pessoas ficaram feridas e um congressista americano, três repórteres e um membro, que estava tentando deixar a seita, foram mortos. O medo das conseqüências deste incidente foi o que fez o líder Jim Jones provocar o assassinato/ suicídio coletivo de 900 membros de sua seita.
Embora seja preferível uma saída pacífica e voluntária, normalmente não é assim que acontece. Existem aqueles que não querem sair de jeito nenhum, mas são arrancados de suas camas às três da manhã e arrastados de volta para o mundo externo. Este é o primeiro estágio do que conhecemos como "desprogramação", um método extremo que consiste em tirar alguém de uma seita contra sua vontade.
Não é fácil fazer uma pessoa deixar um culto destrutivo. A conversa é sempre o primeiro passo. No entanto, às vezes ele é muito bem doutrinado para ouvir qualquer coisa que um estranho tenha a dizer e outras vezes não existe oportunidade para conversar. Todos os laços com o mundo externo podem ter sido cortados. Familiares que temem por alguém que esteja profundamente envolvido em uma seita totalista precisam encontrar uma outra alternativa caso uma simples conversa não funcione. Neste ponto, existem duas alternativas: desprogramação ou orientação específica.
Desprogramação é a abordagem mais drástica porque normalmente envolve um seqüestro inicial para tirar a pessoa da seita. Por esta razão, a desprogramação é um serviço muito caro e pode custar milhares de dólares. Após a retirada forçada, a desprogramação precisa de horas e horas de "interrogatório" intenso, em que uma equipe de desprogramadores seguram o indivíduo contra sua vontade e usam técnicas psicológicas éticas para tentar compensar as técnicas psicológicas não éticas usadas pela seita. O objetivo é fazer o membro da seita pensar por si próprio e reavaliar sua situação. Os métodos de interrogatório podem incluir:
  • ensinar a ele técnicas de controle mental e ajudá-lo a reconhecer estes métodos em sua própria experiência na seita;
  • fazer perguntas que o encorajem a pensar de forma crítica, independente, ajudando-o a reconhecer este tipo de pensamento e fazendo elogios por isso;
  • tentar criar uma conexão emocional com sua vida antiga, apresentando a ele objetos de seu passado, fazendo com que divida suas antigas lembranças com seus familiares.

A desprogramação era comum nos anos 70, mas caiu em desuso por ser muito cara, pois envolve seqüestro e aprisionamento e, além disso, levava a muitos processos judiciais por anos a fio. Hoje, a maioria das famílias procura orientação. A orientação deixa o seqüestro de lado e se concentra em empregar técnicas psicológicas que podem fazer com que o membro de uma seita participe voluntariamente de um interrogatório. Os orientadores ajudam a família a conseguir que o membro se comunique com "estranhos". Os familiares devem ser objetivos, calmos e carinhosos, ou apenas irão reforçar a crença de que estranhos são "maldosos" e perigosos. Caso dê certo e a pessoa concorde em participar deste processo, o próximo passo é o mesmo interrogatório que ocorre na desprogramação, com longas sessões que levam vários dias, mas a pessoa tem liberdade para sair.

Não existem garantias de que estas técnicas irão funcionar. Algumas fontes dizem que pelo menos um terço das desprogramações falham e não há estatísticas sobre o índice de sucesso no que diz respeito às orientações. No entanto, quando funciona, o membro de uma seita se encontra novamente no mundo externo, com uma nova série de problemas. Pessoas que deixam seitas totalistas podem sofrer de inúmeros problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, paranóia, culpa, raiva e medo constante. Podem ter dificuldade para pensar claramente, tomar decisões, analisar situações e executar atividades diárias, como escolher algo para vestir ou ir até o mercadinho da esquina. O psicólogo Langone descreve um comum estado pós-seita chamado por ele de "instável", em que a pessoa avança e retrocede nas maneiras "seita e não-seita de ver o mundo... parada em um estado nebuloso e intermediário de consciência".
Nem todos sofrem danos psicológicos ao participarem de seitas. Alguns continuam suas vidas após um curto período de adaptação. A maioria, no entanto, sofre conseqüências negativas ao sair do ambiente isolado de uma seita. Podem levar anos para se readaptarem à vida fora de lá. Alguns nunca se recuperam completamente. No entanto, na maioria dos casos, aconselhamento e apoio familiar podem ajudar na recuperação.
Fontes
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    http://www.refocus.org/coerchrt.html
  • "Characteristics of a Destructive Cult". Características de uma seita destrutiva - International Cultic Studies Association.
    http://www.csj.org/infoserv_articles/refocus.htm
  • "Cults". Seitas - WorkingPsychology.com.
    http://www.workingpsychology.com/seitas.html
  • "Cults: a.k.a. New Religious Movements ". Seitas: também conhecidas como Novos Movimentos Religiosos - ReligiousTolerance.org.
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  • Groenveld, Jan. "Identifying a Cult". Identificando uma seita - ex-cult Resource Center.
    http://www.ex-cult.org/General/identifying-a-cult
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  • Irving, Carl. "One who got away: Cult recruiting flourishing quietly on college campuses". Um que conseguiu escapar: recrutamento para seitas crescendo discretamente nas universidades - San Francisco Examiner, 4 de março de 1990,
    http://www.rickross.com/reference/srichinmoy/srichinmoy13.html
  • "Destructive Cults: The Family (Charles Manson)". Seitas destrutivas: a família (Charles Manson) - ReligiousTolerance.org.
    http://www.religioustolerance.org/dc_charl.htm
  • "Guerrilla: The Taking of Patty Hearst" (Guerrilha: a captura de Patty Heart) - Experiência americana. PBS.org.
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  • Jacobsen, Jeff. "A Short Review of Academic Research into Cults" (Uma breve crítica sobre pesquisa acadêmica a respeito de seitas) ex-cult Resource Center.
    http://www.ex-cult.org/General/review.academic.research
  • Langone, Michael D., Ph.D. "Cults: Questions and Answers" (Seitas: perguntas e respostas) International Cultic Studies Association.
    http://www.csj.org/infoserv_articles/langone_michael_cultsqa.htm
  • Lifton, Robert J., Ph.D. "Thought Reform: The Psychology of Totalism" (Lavagem cerebral: a psicologia do totalismo) ex-cult Resource Center.
    http://www.ex-cult.org/General/lifton-criteria
  • "The People's Temple" (O Templo do Povo) Religious Tolerance.org.
    http://www.religioustolerance.org/dc_jones.htm
  • Rosedale, Herbert H., Esq. and Michael D. Langone, Ph.D. "On Using the Term 'Cult'" (Usando o termo seita)
    International Cultic Studies Association. http://www.csj.org/infoserv_articles/langone_michael_term_seitas.htm
  • Ryan, Patrick. "Mass Suicides Timeline" (Linha do tempo dos suicídios coletivos) International Cultic Studies Association.
    http://www.csj.org/infoserv_articles/ryan_patrick_suicide_timeline.htm
  • Singer, Margaret T., Ph. D. "Conditions for Mind Control" (Condições para controle mental) ex-cult Resource Center.
    http://www.ex-cult.org/General/singer-conditions
  • Troy, Carol. "Behind Suicide Cult Lay Thriving Web Business" (Atrás do suicídio existem prósperas redes de negócios) The New York Times, 28 de março de 1997.
    http://partners.nytimes.com/library/cyber/week/032897seitas.html
  • "Waco: The Inside Story" (Waco: a história interna) PBS.org.
    http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/waco/topten.html

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