terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cientistas defendem remédio tarja preta para melhorar o desempenho cerebral



Artigo assinado por diversos acadêmicos na revista Nature defende a popularização de medicamentos como a Ritalina e o Adderall. Segundo eles, não há malefícios no uso responsável das substâncias, que potencializam a atenção e memória
Um grupo de pesquisadores americanos publicou na prestigiosa revista científica Nature um artigo defendendo o uso de remédios controlados para melhorar o desempenho cerebral e estimular a memória e inteligência. Os cientistas, liderados pelo neurobiologista Henry Greely, da Universidade de Stanford, na Califórnia, afirmam que o uso de drogas como a Ritalina, o Adderall e o Provigil, usados para tratar pessoas com déficit de atenção ou com problemas de sono e memória, não terá como objetivo a recreação e prazer, mas sim a concentração para se dedicar aos estudos.

Ao todo, sete cientistas assinam o polêmico artigo, entre eles acadêmicos da Universidade Harvard, da Universidade da Pensilvânia e das Universidades de Cambridge e Oxford, na Inglaterra, além do editor-chefe da Nature, Philip Campbell. O uso de remédios contra o déficit de atenção é usado há algum tempo para melhorar a performance profissional - uma pesquisa em abril apontou que 20% de 1,4 mil cientistas entrevistados nos EUA e Europa disseram tomar regularmente essas substâncias -, mas é a primeira vez que pesquisadores defendem a popularização desses medicamentos para desenvolver habilidades cognitivas. Além disso, apóiam a legalização da prática, condicionada a um amplo debate na sociedade.

“Nós deveríamos dar boas-vindas aos novos métodos de melhorar nossas funções cerebrais”, diz o artigo, argumentando que “acelerar” o cérebro dessa maneira não é diferente de fazê-lo por meio de uma alimentação saudável ou boas noites de sono. O texto teve uma recepção dividida no meio científico. Muitos concordam que o uso dessas substâncias não pode ser comparado ao uso de drogas como maconha e cocaína porque os efeitos não são entorpecentes. Outros cientistas, no entanto, afirmam se tratar de um lobby para aumentar a venda de medicamentos para pessoas que não possuem nenhuma doença, sob o atrativo de aumentar a inteligência e atenção.
Os pesquisadores vêem um cenário em que a demanda por essas pílulas deve crescer cada vez mais, à medida em que aumenta o número de empregos que exigem múltiplas tarefas e atenção redobrada dos trabalhadores. Isso, porém, pode se chocar com as condições de acesso aos estimulantes cerebrais. Após a publicação do artigo, uma linha de cientistas afirmou que, considerando que os efeitos sejam realmente positivos como os autores afirmam, haverá uma desigualde de oportunidades, pois o sistema de saúde americano está sobrecarregado demais para adicionar mais um medicamento em sua lista de remédios gratuitos. Nesse caso, apenas as classes mais altas teriam acesso ao benefício, criando mais uma barreira intelectual em relação aos mais pobres.
 Legalidade
 O debate também parte para a questão legal. Os remédios mencionados têm venda controlada e o comércio sem prescrição médica é proibido. Além da rede de contrabando das substâncias, há ainda uma discussão ética: é aceitável usar medicamentos para se sair melhor nos trabalhos? Pode ser comparado ao doping atlético? Os autores do artigo acreditam que não. Para eles, o uso pode melhorar a capacidade humana e a sociedade se beneficiaria com os progressos nas diversas áreas do saber. Advertem, porém, que os medicamentos só poderiam ser aplicados em adultos saudáveis e, mesmo assim, após uma série de pesquisas sobre seus riscos e benefícios, já que ainda não se conhecem todos os efeitos a longo prazo.

O Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA publicou um comentário dizendo que são necessárias mais pesquisas sobre o uso dos medicamentos por pessoas saudáveis, mas que é grande a preocupação de os estimulantes levarem ao vício, mesmo que seja para fins acadêmicos e profissionais.







FONTE REVISTA ÉPOCA

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